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O livro de Isaías destaca-se como o mais messiânico da Bíblia.
“Do aumento deste principado e da paz não haverá fim, sobre o trono de Davi e no seu reino, para o firmar e o fortificar com juízo e com justiça, desde agora e para sempre; o zelo do Senhor dos Exércitos fará isto”. Isaías 9:7
Contexto histórico
O livro do profeta Isaías está divido em duas partes principais que compreendem os capítulos 1 a 39, que abordam as denúncias a Israel e as nações, e os capítulos 40 a 66 que falam da restauração de Israel e do reino do Messias. Isaías capítulo 53 é o coração da mensagem do livro, pois trata o Messias de Israel como o “Servo Sofredor”.
Curioso destacar que o ministério do profeta Isaías coincidiu com a fundação da cidade de Roma. Segundo o mito romano, a cidade foi fundada a cerca de 753 a.C. por Rômulo e Remo, dois irmãos criados por uma loba, que são atualmente símbolos da cidade.
O profeta e seu chamado
O nome do profeta Isaías significa “Deus é minha Salvação”. Isaías desenvolveu seu ministério profético no Reino do Sul, Judá, a partir do ano 740 a 680 a.C. numa época de prosperidade econômica e de muito otimismo, mas de declínio espiritual (2Cr 26; 2Rs 14). Isaías, filho de Amós (não Amós, o profeta vaqueiro) viveu na corte dos reis de Judá (há indicações de que talvez fosse primo do rei Uzias).
Letrado, culto e politicamente privilegiado, Isaías, pode ter feito parte da casta sacerdotal de Jerusalém. Profetizou durante os reinados de Uzias, Jotão, Acaz e Ezequias, e provavelmente durante seus últimos oito anos de vida, sob a opressão maligna do reinado de Manassés (696-642 a.C.), responsável por seu martírio, segundo a tradição rabínica, quando com 92 anos de idade foi serrado ao meio dentro de um tronco oco (cf. Hb 11:37).
O chamado de Isaías para o ministério profético se dá de forma dramática numa revelação divina. Uma visão da glória de Deus em seu Santo Templo com a participação de seres angelicais. Esta revelação marcaria a vida do servo de Deus para sempre (Isaías 6).
O Messias e o seu reino
O livro de Isaías destaca-se como o mais messiânico da Bíblia por suas grandes revelações proféticas acerca da vida e da obra do Messias, bem como, de seu destaque detalhado do reino glorioso do Messias de Israel.
Segue aqui alguns destes detalhes: as significativas mudanças geológicas (Is 2:2); a paz reinante (Is 2:4; 9:6-7); os súditos no reino – em especial os israelitas sobreviventes da tribulação (Is 10:20-21); o aumento considerável da luz (Is 30:26); a remoção das enfermidades e defeitos físicos dos habitantes do reino (Is 33:24; 35:3-6); a própria manifestação da pessoa bendita do Eterno (Is 52); Jerusalém como o centro do reino messiânico (Is 62:1-3); a tônica da alegria (Is 65:18,19); a restauração da longevidade da raça humana (Is 65:20,22); prosperidade econômica e trabalho (Is 65:21-23); todas as orações serão respondidas (Is 65:24); e a remoção da ferocidade dos animais (Is 65:25; 11:6-9; 35:9).
O Messias vai desarmar as nações
O profeta Isaías em seu livro no capítulo 2 vê o futuro glorioso a respeito de Judá, o Reino do Sul, e de sua capital, a cidade de Jerusalém. O aspecto geográfico destaca-se na expressão: “e acontecerá nos últimos dias que se firmará o monte da casa do Senhor no cume dos montes” (Is 2:2a), apontando para a proeminência do monte do templo, ou até mesmo da própria cidade de Jerusalém, que está edificada sobre sete montes, o qual: “se elevará por cima dos outeiros; e concorrerão a ele todas as nações” (Is 2:2b), aqui o monte passa a referir-se ao reino do Senhor que será estabelecido sobre as outras nações.
Assim que o governo for estabelecido em Jerusalém, as nações declararão: “Vinde, subamos ao monte do Senhor, à casa do Deus de Jacó, para que nos ensine os seus caminhos, e andemos nas suas veredas; porque de Sião sairá a lei, e de Jerusalém a palavra do Senhor” (Is 2:3), os povos subirão para Sião (outro nome de Jerusalém), para adorar o Deus de Israel e servir o seu Messias.
A melhor parte é que o Ungido de Deus executará julgamento e um completo desarmamento internacional, e Israel andará na luz do Senhor: “E ele julgará entre as nações, e repreenderá a muitos povos; e estes converterão as suas espadas em enxadões e as suas lanças em foices; uma nação não levantará espada contra outra nação, nem aprenderão mais a guerrear. Vinde ó casa de Jacó, e andemos na luz do Senhor” (Is 2:4-5). A propósito, a celebre frase: “uma nação não levantará espada contra outra nação, nem aprenderão mais a guerrear” está escrita em letras garrafais no hall de entrada do prédio das Nações Unidas, na cidade de Nova York, apesar da mesma vir fracassando fragorosamente na sua sublime função de estabelecer a paz entre as nações. Essa profecia messiânica se cumprirá no reino milenar do Messias. Portanto, aguardemos o Messias!
O Messias será o renovo do Senhor
Na perspectiva do reino glorioso do Messias o profeta nos diz em Isaías 4:2 “Naquele dia o renovo do Senhor será cheio de beleza e de glória; e o fruto da terra excelente e formoso para os que escaparem de Israel”, a expressão “naquele dia”, refere-se ao tempo do fim, uma relação futura dos acontecimentos da tribulação dos “últimos tempos”, antes da vinda do Messias. No mesmo texto Isaías cunha a bela expressão: “o renovo do Senhor”, o renovo literalmente é um broto e a palavra broto apresenta dois significados, o sentido primário é um caule que acaba de brotar de uma planta e o secundário é uma pessoa, mais especificamente o filho de alguém, como vemos em Isaías 11:1 “PORQUE brotará um rebento do tronco de Jessé, e das suas raízes um renovo frutificará”.
A verdade é que o termo renovo (hb. tsemach) é usado cinco vezes para referir-se ao Messias como descendente da prometida linhagem de Davi (2Sm 23:5; Sl 132:17; Jr 23:5; 33:15; Ez 29:21), no entanto, citarei apenas o profeta Jeremias: “Eis que vêm dias, diz o Senhor, em que levantarei a Davi um Renovo justo; e, sendo rei, reinará e agirá sabiamente, e praticará o juízo e a justiça na terra” (Jr 23:5), concomitantemente ao tempo futuro dos acontecimentos preditos por Isaías, o profeta Jeremias situa a vinda do renovo, ou seja, o Messias para governar.
O reino do Messias (renovo) trará a verdadeira beleza, glória e a prosperidade para os remanescentes de Israel (Rm 11:5). O Messias santificará os que sobreviverem em Sião (Is 4:3); lavará (purificação) a imundícia da filhas de Sião (Is 4:4); criará novamente uma nuvem e um fogo sobre Israel (Is 5:5) e por fim será o refúgio para todos os que o buscam (Is 4:6). Jesus é o renovo de Jessé (Mt 1:6), essa profecia messiânica se cumprirá no reino milenar do Messias Jesus.
O Messias nasceria de uma virgem
O Messias prometido a Israel não só brotaria como um galho de esperança sobre a desolação como entraria de forma sobrenatural no palco da redenção. Vejamos em Isaías 7.14: “Portanto o mesmo Senhor vos dará um sinal: Eis que a virgem conceberá, e dará à luz um filho, e chamará o seu nome Emanuel”, sem sombra de dúvida, o Messias tencionava entrar na raça humana através de um nascimento miraculoso. Isto está implícito, também, pelo significado do nome – Emanuel, que quer dizer: “Deus conosco”. Lembre-se de que nós já vimos a indicação do nascimento virginal anteriormente em Gênesis 3:15, a profecia de que a semente da mulher, sem a semente do homem, iria derrotar Satanás e redimir a raça humana.
O contexto de Isaías fala desse nascimento como de um sinal para a casa de Davi. Uma mulher jovem dar à luz um filho não se constitui um sinal, mas uma virgem dar à luz é um sinal, o sinal miraculoso do nascimento do Messias! Cumprimento no nascimento do Senhor Jesus conforme Lucas 1.26-35 e Mateus 1.18-25.
O Messias seria Filho de Deus
O Messias viria ao mundo como criancinha nascida ao povo de Israel, uma dádiva celestial da parte de Deus para eles: “Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu, e o principado está sobre os seus ombros, e se chamará o seu nome: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz” (Is 9.6). A esperança messiânica é reafirmada no Filho de Deus através do nascimento do menino. Isto é, como pessoa de duas naturezas distintas – Deus e Homem.
Seus nomes descrevem sua divindade:
Maravilhoso – Pele’ (פֶּלֶא), esta palavra tem o sentido de “sobrenatural”, pois ele é o próprio Deus encarnado, nascido como um bebê. O Messias, maravilhoso em seu nascimento, em sua vida, em seu ministério, em sua morte, em sua ressurreição, em seu retorno e em seu reino eterno.
Conselheiro – Yoetz (יוֹעֵץ) sua sabedoria infinita é personalizada em Provérbios 8, onde o Messias é chamado de “Sabedoria”. Em 1 Coríntios 1:24 Jesus Cristo, é chamado de Sabedoria de Deus (Ver Mateus 22:41-46 e João 8).
Deus Forte – El-Gibbor (אֵל־גִּבּוֹר) a criança nascida é chamada de Deus Forte em Isaías 9:6, e no Salmo 45:6-7 “Deus, o teu Deus” e ainda em Hebreus 1:8-9, onde o Espírito Santo revela o Pai falando ao Filho e dirigindo-se a ele como Deus, revelando a divindade do Messias. O Messias Jesus é o criador (Cl 1:16-17), doador da vida (Jo 1:1-5) e o mantenedor do universo (Hb 1:3).
Pai da Eternidade – ’Avi-Ad (אֲבִי־עַד) essa expressão refere-se a existência eterna do Filho. Aquele que era, é, e será para sempre, que em Apocalipse 1:8 é chamado de o Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim. Ele dá a vida eterna a todos os que o recebem em seus corações pela fé (Jo 10:28-30).
Príncipe da Paz – Sar-Shalom (שַׂר־שָׁלוֹם) a paz tão esperada e desejada por Israel não virá até que Siló, o Messias venha. Jesus, ele é o Príncipe da Paz, “porque ele é a nossa paz”, como está escrito em Efésios 2.14, ou como o doador da paz “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize” (Jo 14:27).
O contexto (Isaías 9) diz respeito a “uma proclamação profética sobre o nascimento de um novo rei davídico, cujo reinado se estabeleceria para sempre (…). Quem é esse filho e qual é o significado de seu nome? Os versículos que antecedem essa gloriosa profecia referem-se à queda da Assíria, a grande inimiga do povo judeu setecentos anos antes de Yeshua/Jesus. Sendo assim, a proclamação do nascimento poderia ser uma alusão ao rei davídico nascido naquele intervalo de tempo especifico. Contudo, nenhum rei nascido naquela época cumpriu o que fora prometido.
Leia novamente a passagem, ignorando, por um momento, os nomes da criança. O único rei piedoso daquele tempo, Ezequias, não chegou nem perto de fazer jus às profecias anunciadas, e, antes de falecer, Isaías informou-lhe que seus descendentes seriam levados cativos à Babilônia (Is 39). Outros intérpretes, tanto judeus como cristãos, argumentam que que o texto é uma autêntica profecia Messiânica, simples e direta, uma vez que os profetas sempre contemplaram o Messias vindo no horizonte imediato da história.
Seguindo essa linha, o Targum de Yonatán ben Uziêl chama a criança de Messias. Para dizer a verdade, creio que ambas as interpretações estejam corretas. Aquelas palavras proféticas, dirigidas ao rei davídico que nasceu nos dias de Isaías, nunca se cumpriram. Antes, só atingiram o seu objetivo quando o Messias veio ao mundo. É realmente simples, e isso não quer dizer que os profetas e os salmistas tenham errado. Fato é que eles foram inspirados pelo Espírito a falar sobre cada rei descendente de Davi como se ele fosse o rei davídico, apresentando-nos um quadro de quem o Messias seria e o que ele faria. Essa compreensão ajuda a esclarecer diversos mal-entendidos que eruditos (tanto judeus como cristãos) têm apresentado no tocante a passagem como a profecia de Isaías 9.
Tais versículos tiveram uma aplicação imediata – porém incompleta – nos dias em que foram proferidas e alcançaram sua aplicação final – plena – durante a era Messiânica, a qual teve inicio com a vinda de Yeshua.” (BROWN, p. 65-66, 2015).
A profecia de Isaías é bem clara e incisiva quanto ao menino: “o menino nasceu” fala da encarnação do Senhor Jesus como ser humano (se identificando comigo e você); o Filho nunca nasceu (pois ele é eterno), mas ele foi dado na cruz do calvário (Jo 3:16) por mim e por você.
Fonte: https://www.gospelprime.com.br