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Joseph Ratzinger, cardeal católico que se tornou o papa Bento XVI em 19 de abril de 2005, faleceu neste sábado, 31 de dezembro de 2022, aos 95 anos.
O papa Bento XVI seguia uma linha teológica mais conservadora, em oposição a seu sucessor, Francisco, e ficou conhecido por sua dedicação a defender a verdade na figura de Jesus Cristo e combater a influência marxista na Igreja Católica.
Bento XVI sucedeu João Paulo II, outro papa dedicado a combater o comunismo e as influências ideológicas do marxismo na Igreja Católica. Em 2012, ele anunciou que abdicaria da função alegando questões de saúde.
O cardeal argentino Jorge Mario Bergoglio foi escolhido para o suceder em 28 de fevereiro de 2013, e adotou o título Francisco para seu pontificado. Desde que assumiu, o atual papa expôs escândalos de pedofilia de décadas e de corrupção nos bastidores do Vaticano, trabalhando para punir os responsáveis.
O próprio Bento XVI falou sobre o tema meses antes, dizendo que os pedófilos haviam prejudicado a credibilidade da Igreja Católica, e que se sentia “desolado e angustiado” por isso.
Conservador, se opôs de maneira contundente à união entre pessoas do mesmo sexo, e chegou a propor uma aliança com outras religiões contra a normalização cultural desses relacionamentos: “Quando tal compromisso é repudiado, as figuras-chave da existência humana vão igualmente desaparecendo: pai, mãe e filho, elementos essenciais da experiência de ser humano estão sendo perdidos”, conceituou, há dez anos.
Na ocasião, alertou que as pessoas não poderiam “desprezar a ideia de que eles têm uma natureza, dada por sua identidade física, que serve como um elemento de definição do ser humano”, além de exortar que a “dualidade pré-ordenada do homem e da mulher” deveria ser respeitada para que as famílias e as crianças não a percam o seu lugar e dignidade.
Uma de suas reflexões mais famosas vem do tempo em que ainda era bispo e apontava para a uma mudança no catolicismo: “Da crise de hoje surgirá a Igreja de amanhã, uma Igreja que perdeu muito. Ficará pequena e terá que recomeçar mais ou menos do início… À medida que o número de seus adeptos diminui, perderá muitos de seus privilégios sociais. Ao contrário de uma época anterior, ela será vista muito mais como uma sociedade voluntária, na qual se entra apenas por livre escolha. Como uma pequena sociedade, exigirá muito mais da iniciativa de seus membros individualmente”, disse.
“Mas em todas as mudanças que se possam imaginar, a Igreja reencontrará a sua essência e com plena convicção naquilo que sempre esteve no seu centro: a fé no Deus trino, em Jesus Cristo, o Filho de Deus feito homem, na presença do Espírito até o fim do mundo. A Igreja será uma Igreja mais espiritual, sem as pretensões de um mandato político, flertando tanto com a esquerda quanto com a direita”, acrescentou, à época.
Em abril de 2022, o papa Francisco resgatou essa reflexão e a referiu como profética, exortando os católicos a voltarem à essência da fé cristã: “Foi um profeta desta Igreja do futuro, uma Igreja que se tornará menor, perderá muitos privilégios, será mais humilde e autêntica e encontrará energia para o que é essencial. Será uma Igreja mais espiritual, mais pobre e menos política: uma Igreja dos pequeninos”.
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