Novembro 24, 2024
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O teólogo Victor Fontana falou sobre equívocos que se tornaram comuns no meio evangélico relacionados à oração, e destacou que essa parte da espiritualidade acaba deturpada por conta desses desvios.

Victor Fontana é teólogo, escritor e professor, e vem tocando um canal no YouTube dedicado exclusivamente a falar sobre teologia e prática devocional. Ao falar sobre orações, reconheceu que a percepção comum é que entre os estudiosos esse diálogo com Deus é negligenciado, mas ponderou que isso não representa a realidade.

“A oração é uma das partes mais importantes da vida do cristão, e muitas vezes, negligenciada na literatura teológica. Muitas vezes a teologia deixa o assunto ‘oração’ de lado. Isso não é regra. As Institutas de Calvino tem um capítulo inteiro dedicado à oração. A Dogmática, do [Emil] Brunner, também trata do tema. Então, não é uma regra, mas existe aquele clichê de que teólogos, às vezes, deixam de se importar com uma vida fervorosa, piedosa, oram pouco”, comentou.

Jejum

Ao elencar os 5 erros mais comuns no meio evangélico, começou pelo mais complexo: “Primeiro equívoco grave a respeito da oração: jejum serve para deixar sua oração mais poderosa. Já pensou dessa maneira?”, questionou.

“Esse não é um problema só da oração, é um problema do jejum, de má compreensão do por quê o jejum existe e para o quê ele serve”, observou, acrescentando que “a essência do que você tem que saber sobre jejum é que faz um convite para o seu corpo participar da espiritualidade”.

“A espiritualidade do texto bíblico não é abstrata, é concreta. As coisas acontecem na vida real. E o jejum é uma maneira de trazer um corpo concreto, na vida real, para um tipo específico de espiritualidade. Da mesma maneira que o alimento faz parte da espiritualidade, a fome também, fazendo com que a dor, a lembrança da dor, faça parte da nossa oração”.

Fórmulas

O segundo erro apontado pelo teólogo Victor Fontana está na ideia de que se a oração repetir algum padrão supostamente bem-sucedido, sua eficácia será maior: “Achar que orar de uma determinada maneira, de uma determinada fórmula, vai dar para você um poder especial. É o que traz o livro Oração de Jabez, por exemplo”, introduziu, citando a obra publicada no ano 2000 por Bruce Wilkinson.

“Qual é o problema desse tipo de percepção? […] A oração que Jesus nos ensina, Ele não nos ensina para que a gente seja mais poderoso. Ele nos ensina para que a gente tenha a intimidade correta com o Pai. É assim que essa oração funciona”, contrapôs.